Fonte: Jornal do Senado de 17/07/15
Em audiência pública ontem na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), o comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, alertou para riscos de enfraquecimento da soberania do Brasil sobre a parte nacional da Amazônia, referindo-se a situações que limitam a autoridade do país sobre decisões estratégicas para o desenvolvimento equilibrado da região.
Como exemplo, citou recente proposta do presidente da Colômbia, Luiz Manoel dos Santos, de criar um corredor ecológico na Amazônia, dos Andes até o Oceano Atlântico, compreendendo a Amazônia brasileira. O objetivo é levar a ideia para a próxima reunião da Conferência de Mudanças Climáticas (COP-21). Toda a extensão do corredor ficaria intocada, sem exploração de riquezas — estimadas em mais de US$ 230 trilhões.
Para o general, que imputou a ideia à entidade Gaia internacional, pode-se conciliar preservação e uso de riquezas:
— Esse processo [radicalismo pela preservação] é como combater fantasmas, porque a gente não sabe de onde vêm, quem são, o que fazem e quais são seus reais objetivos.
Villas Bôas foi convidado, por requerimento de Aloysio Nunes (PSDB-SP), a debater controle das fronteiras, tráfico de drogas e armas e coordenação com as forças militares dos países limítrofes na Amazônia. O comandante também questionou a “coincidência” da fixação de reservas indígenas em áreas de concentração de riquezas minerais:
— Não sou contra unidades de conservação em terras indígenas, mas temos que compatibilizar esse objetivo com a exploração dos recursos naturais — defendeu.
Segundo o general, o país ainda não é produtor de cocaína, mas tem sido usado como corredor de droga para o exterior, além de ser o segundo mercado consumidor do mundo, depois dos EUA. Quanto ao tráfico de armas, informou que é mais presente em fronteiras da Região Sul.
A resposta das Forças Armadas para aumentar a proteção das fronteiras, inclusive na Amazônia, segundo o general, é a implantação do Sistema integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), cuja conclusão está prevista para 2023. Porém, admitiu que pode atrasar, em razão de cortes orçamentários. Os senadores prometeram apoio para acelerar a implantação do Sisfron.