Hoje parei pra dar uma pequena arrumada no site. Basicamente, apenas dei uma vasculhada na página de links – se é que alguém usa isso além de mim mesmo. E o que descobri, nesse micro mundo com poucos links, é o que as notícias vêm escrevendo nos últimos anos: a morte de muitos sites / foruns / etc da “internet antiga”.
O que eu tinha ali era, exatamente, uma coleção de sites antigos, de coisas que eu achei interessante e que valeriam a pena talvez para outras pessoas – e que, ainda por cima, seria um local fácil para eu mesmo encontrar, quando precisasse. E o que vi hoje é que uma quantidade absurda não existe mais. São pouquíssimas as páginas que ainda estão no ar. Algumas apenas mudaram o endereço, OK, mas tem coisa ali que ‘morreu’ mesmo, se referiam a projetos, programas, sistemas, etc, que até eles já morreram.
Sendo assim, fiz uma limpeza (infelizmente, apaguei sim os links – mas pra falar a verdade, garanto que muita coisa ali ainda aponta para “lugar nenhum” pois não tive tempo de olhar tudo). A lista está ficando cada vez menor, já que o tempo tem passado e cada vez menos coloco algo útil ali.
O movimento que vem jogando as pessoas e mesmo projetos apenas para dentro de sites e sistemas como do facebook, instagram e similares, a cada dia mata vários sites, e encolhe a internet, ainda que o tráfego de rede seja cada vez maior. Maior, mas só em determinados pontos. A impressão é de que o pessoal e as comunidades se renderam aos sistemas “prontos” das grandes empresas, e não querem mais tentar sistemas próprios, sites próprios, etc. Isso é um perigo. É ver o que aconteceu recentemente com o Xwitter sendo bloqueado por aqui. Eu garanto que muitos negócios ou redes de notícias só existiam porque se baseavam integralmente nessa rede. O que aconteceu com o negócio delas agora? Pois é. Vai confiando em big tech para seu negócio, vai…
Está mais que na hora de se livrar das amarras o mais que puder. Não podemos ficar dependendo do sistema dos outros para funcionar, para se comunicar, etc. Precisamos ter mais de uma forma de comunicação. Os sites precisam ser independentes e não cair a cada soluço de sistemas externos (quantos não são os casos de sites que ficam fora do ar porque o Facebook ou a Microsoft inteira ficaram fora do ar?).
Aí você vai me dizer “aaaah, mas se o datacenter onde meu site está ficar fora do ar”… sim, isso pode acontecer, mas aí será culpa explícita do seu próprio site (ou, no caso, de quem você efetivamente “contratou”) e não de plataformas que estão espalhadas pela rede inteira e você nem sabia que se eles cairem você vai junto. Vale ter seu site em sistema “próprio” que não tenha um monte de biblioteca ou chamadas de API que PRECISAM de outros sites estarem no ar… E no fim das contas, quanto mais simples seu site, e mais controle você tiver, mais seguro será, e melhor sua imagem… entende?
Quanto a comunicação, se precisamos de uma “presença social”, acho muito legal também iniciativas de federação como o Mastodon. Você pode até se questionar que pode acabar entrando “num servidor que pode morrer”. Mas e o que te impede de ter mais de uma conta em instâncias separadas? Ou criar sua própria instância? Basta você federar com os servidores que mais te interessam, e vai conseguir espalhar sua mensagem de forma até melhor do que ficar dependendo só das grandes redes, das quais você não vai poder “cobrar” se resolverem ficar fora do ar por questões técnicas ou jurídicas.
Vamos lá, gente, se a ideia é modernizar, não acho que isso significa “vamos migrar nossa página e nossas comunidades para dentro do facebook”! Há infinitas opções, que não precisam decretar a morte da internet e ainda por cima ficarmos nesse risco de perda de informação que vivemos hoje em dia. Atenção que o Internet Archive não é infinito, não é pra ser, e ele mesmo também enfrenta seus problemas para ficar de pé. Muito do que existia na rede não existe mais e pronto.